sábado, 10 de dezembro de 2011

O percurso do conceito de raça no campo das relações raciais no Brasil.

O tema abordado na unidade é “O percurso do conceito de raça no campo de relações raciais no Brasil”.
As teorias raciais, no século XX, afirmavam que a raça era determinada biologicamente, e que esta também determinava a cultura, o que faz com que as diferenças, tanto raciais quanto culturais, fossem entendidas como desigualdades entre superiores e inferiores, entendendo a raça branca como superior às demais raças.
Com a chegada dessas teorias ao Brasil, a elite brasileira vivenciou um conflito ideológico que consistia em conciliar a realidade racial do país (população negra maior numericamente) com as doutrinas racistas (superioridade racial branca) advindas da Europa.
Nessa concepção, a solução encontrada para a questão racial foi a Teoria do Embranquecimento, que objetivava a depuração da população negra através da miscigenação, e a importação de imigrantes europeus que favorecessem o processo de eugenia.
Entre os anos de 1930 e 1940, no Brasil, além das mudanças políticas e econômicas, estava em mutação o pensamento social em relação à questão racial.
Vários intelectuais pensavam uma perspectiva positiva das relações entre as raças saindo dos parâmetros do determinismo racial vigente no início do século XX. Dentre eles, destaca-se Gilberto Freyre, com sua obra Casa & Senzala (1933).
A Freyre deve-se a substituição do conceito de “raça” pelo de “cultura”.
Nesse contexto começou a ser construído o mito de democracia racial, onde por muito tempo acreditou-se que o Brasil era um território democrático no quesito racial, diferente dos EUA e África do Sul, que se caracterizam por conflitos raciais abertos.
Entretanto, essa crença contrastava com a realidade brasileira em que negros e mestiços eram vítimas de preconceitos e discriminação.
A suposta democracia racial desencadeou em pesquisas conhecidas como “ciclo de estudos da UNESCO” que objetivava estudar as relações raciais no Brasil e que acabou evidenciando a intolerância e o preconceito racial como componentes presentes na realidade brasileira.
Dentre outros trabalhos, cabe citar, a do sociólogo Florestan Fernandes, que denuncia a democracia racial como um mito que esconde a realidade de dominação da raça branca sobre a raça negra no contexto social brasileiro.
Cabe ressaltar nessas obras a mudança na concepção de raça, que não mais apresenta bases biológicas, mas é entendida como uma construção social, histórica e política geradora de hierarquias sociais.
Apesar de várias conquistas ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que a raça negra e seus descendentes possam alcançar a abolição do preconceito e da discriminação racial.
Texto: Bianca Amaral Cade Fardim
Aluna: GPP-GeR – Pólo Iúna

Um comentário:

  1. Adorei o texto. Parabéns! Me ajudou muito para entender melhor esse tema. Obrigada.

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